BLOGUE ELABORADO COM INTENCIONALIDADE COMUNICAR DE VIVENCIAR DE TROCAR EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS E PESSOAIS ...

CABECINHA PENSADORA....

CABECINHA PENSADORA....
CONFUSÃO TOTAL.....MASS MEDIA....EM CONFLITO, INFORMAÇÃO CRUZADA!!!!!....ehehee

sábado, maio 08, 2010

E como estão os teus conhecimentos de Geografia ?

Ora conta lá....



Vá lá,  divirtam-se .... Elizabete

quarta-feira, maio 05, 2010

O primeiro passo para aprender a ser mãe é voltar à infância....por Kátia Catulo, Publicado em 03 de Maio de 2010


Mães adolescentes
Associação Humanidades, no Parque de Saúde de Lisboa, acolhe grávidas e mães adolescentes que estão a aprender a planear o futuro
.Três raparigas barrigudas foram às compras. E cheias de pressa regressaram ao Parque de Saúde de Lisboa carregadas de fraldas, leite, cereais, fruta e legumes. Clara, Raquel e Mariana vivem na residência temporária para grávidas e mães adolescentes da Associação Humanidades. Elas e outras vieram de muitos pontos do país e estão a aprender os passos mais importantes para terem uma família e saberem cuidar dos filhos.
Poucas saberão o que isso é, pois nunca estiveram quietas. Saltaram de instituição em instituição, de casa em casa, de família em família. Agora que são mães ou estão prestes a sê-lo, têm vontade de quebrar a corrente e mudar a sorte dos filhos. Só que, antes de planear o futuro, vão ter de remexer no passado e descobrir o que correu mal. Ninguém quer ser a primeira. Raquel empurra para Mariana, Mariana empurra para Clara. E Clara é a primeira a começar.
Clara está de saída. Tem 16 anos, vivia com a mãe em Cascais e não gostava de estudar. Faltava às aulas e preferia ir ao shopping ou então ficar à porta da escola à conversa com as amigas. A mãe ralhava, mas ela não ligava. Um dia conheceu um rapaz na internet e passou a sair ainda mais vezes. A mãe continuava a ralhar. Tantas eram as discussões que por vezes nem dormia em casa. Acabava sempre por voltar. Até ao dia em que tomou uma decisão: "Da próxima vez em que ela me encher os ouvidos, saio porta fora e não volto mais."
E foi viver com o namorado. Só que também se zangou com ele. E logo no dia em que soube que estava grávida. Já andava desconfiada. O peito cresceu, tinha quebras de tensão e o período não aparecia. Falou com uma amiga que já era mãe. Mais amigas se juntaram, compraram o teste de gravidez e tiraram as dúvidas: "A primeira coisa que me passou pela cabeça foi o que a minha mãe iria pensar."
A mãe pensou que o melhor era a filha não ter o bebé. Clara era miúda e a mãe estava desempregada. A filha disse que não. O namorado concordou. E o tribunal meteu-se no meio. A adolescente andava fugida de casa, a comissão de protecção de crianças mandou-a para o tribunal e a juíza decidiu. "A menor terá de ser institucionalizada." O palavrão assustou-a. Andou ali uns meses a adiar a mudança. A juíza fez o último aviso: "Ou escolhia uma instituição, ou perdia a minha filha." E foi assim que, grávida de sete meses, chegou à residência da Associação Humanidades. No primeiro dia ficou o tempo todo no quarto: "Só saí à noite quando me chamaram para jantar." Nos outros dias aprendeu a ter rotinas certas, a cozinhar, a fazer a cama, a gerir as despesas domésticas e a cuidar da filha que nasceu em Janeiro. Em Julho recomeça os estudos. Vai tirar um curso de informática.
Ela gostava era de ser cabeleireira, mas se calhar terá mais oportunidades se for técnica de informática. Clara voltou para casa da mãe, mas continua a visitar a residência porque ainda há muito para aprender. Será por pouco tempo: "Daqui a dois anos ou menos, já terei um emprego e poderei arranjar uma casa."
Raquel acabou de chegar. Está há uma semana na residência e ainda é muito desconfiada. O passado sai a custo. Viveu em muitas casas. Com a tia de Loulé, até a tia ir para França. Mudou-se para uma instituição de acolhimento até a mãe a levar para Lisboa. A mãe foi para França e ela ficou com o pai. O pai saiu de casa e a filha foi ter com a tia do Barreiro. Zangou-se com a tia do Barreiro e foi morar com a irmã em Odivelas. A Segurança Social foi buscá-la e encaminhou--a para a Associação Humanidades.
Raquel tem 16 anos e está grávida de quatro meses e meio. Pensava que ia ter um filho, mas soube agora que será uma filha. Se fosse rapaz, chamar-lhe-ia Wilson. É o nome do primo que vivia no Algarve, mas agora está com a mãe em Paris. Raquel dava-lhe de comer, dava- -lhe banho, brincava com ele e fazia o papel de mãe sempre que a tia não podia. Quando ele se foi embora, ficou com uma pontinha de saudade. Queria que o filho tivesse o nome dele. Podia ser que a pontinha desaparecesse. Contudo, agora que descobriu que é uma rapariga, já não sabe que nome escolher. Nem faz ideia do que vai fazer da vida. Estudou até ao 7.o ano e não quer voltar para a escola. Talvez um curso profissional seja a solução, mas é difícil descobrir aquilo de que gosta. É complicado tomar decisões quando até agora foi empurrada de um canto para o outro e não teve tempo para pensar no futuro. Um dia terá de deixar a associação e ficará por conta própria. Tem ainda algum tempo. Acabou de chegar à residência.
Mariana vai ficar mais uns tempos. Antes dos quatro anos, Mariana lembra-se de que gostava de dançar e dançava com qualquer música. Antes disso, não se lembra de mais nada. Aos quatro anos foi parar a uma instituição de acolhimento de Lagos. Ninguém a foi buscar e, aos 18, passou a viver com uma família de acolhimento. Discutiam muito porque Mariana gostava de sair com as amigas e de visitar a irmã que ficara na instituição. Deixou de estudar, dormia até tarde e às vezes nem regressava a casa. A família não a quis mais e ela foi morar com uma amiga mais velha. As discussões continuaram e foi devolvida à instituição em Junho do ano passado. Nessa altura já estaria grávida, mas não sabia. Andava enjoada e foram os padrinhos que a levaram ao médico. Contou ao pai da criança, que não acreditou: "Ele arranjou uma namorada nova e não lhe dá jeito ter uma criança." Ainda hoje não resolveram o assunto. Deixaram isso para o tribunal.
Mariana viveu com outra família, em Faro. Discutiam muito menos, mas agora com 19 anos e um filho de três meses não pode continuar sem estudar nem trabalhar. Chegou à Associação Humanidades para planear o futuro. Tirar um curso de dança é a primeira opção, educação de infância será a segunda escolha. Dançar é o que sempre quis fazer. Na escola ainda tentou tirar o curso, mas não havia alunos suficientes. Escolheu outra área à pressa, para não ser expulsa da instituição. Odiou e desistiu.
A dança está de volta aos planos de Mariana. Vai usar o curso para dar aulas e já fez isso há uns anos quando a professora dela a convidou para ensinar as crianças do primeiro ciclo a dançar hip-hop e kizomba. Nesse dia descobriu que tinha um talento: "Achava que não tinha jeito para muita coisa, mas descobri que consigo pôr toda a gente a dançar."

Hoje são meninas que não conhecemos..... amanhã podem ser as nossas .....ou da nosssa família.... vamos Educar Melhor?
Elizabete

MEMÓRIAS DO PORTUGAL RESPEITADO

Luís Soares de Oliveira
Estoril, 18 de Abril de 2010

Corria o ano da graça de 1962. A Embaixada de Portugal em Washington recebe pela mala diplomática um cheque de 3 milhões de dólares (em termos actuais algo parecido com € 50 milhões) com instruções para o encaminhar ao State Department para pagamento da primeira tranche do empréstimo feito pelos EUA a Portugal, ao abrigo do Plano Marshall.
O embaixador incumbiu-me - ao tempo era eu primeiro secretário da Embaixada - dessa missão.
Aberto o expediente, estabeleci contacto telefónico com a desk portuguesa, pedi para ser recebido e, solicitado, disse ao que ia. O colega americano ficou algo perturbado e, contra o costume, pediu tempo para responder. Recebeu-me nessa tarde, no final do expediente.
Disse-me que certamente havia um mal entendido da parte do governo português. Nada havia ficado estabelecido quanto ao pagamento do empréstimo e não seria aquele o momento adequado para criar precedentes ou estabelecer doutrina na matéria. Aconselhou a devolver o cheque a Lisboa, sugerindo que o mesmo fosse depositado numa conta a abrir para o efeito num Banco português, até que algo fosse decidido sobre o destino a dar a tal dinheiro.
De qualquer maneira, o dinheiro ficaria em Portugal. Não estava previsto o seu regresso aos EUA. Transmiti imediatamente esta posição a Lisboa, pensando que a notícia seria bem recebida, sobretudo num altura em que o Tesouro Português estava a braços com os custos da guerra em África. Pensei mal. A resposta veio imediata e chispava lume. Não posso garantir a esta distância a exactidão dos termos mas era algo do tipo: "Pague já e exija recibo". Voltei à desk e comuniquei a posição de Lisboa.
Lançada estava a confusão no Foggy Bottom: - não havia precedentes, nunca ninguém tinha pago empréstimos do Plano Marshall; muitos consideravam que empréstimo, no caso, era mera descrição; nem o State Department, nem qualquer outro órgão federal, estava autorizado a receber verbas provenientes de amortizações deste tipo. O colega americano ainda balbuciou uma sugestão de alteração da posição de Lisboa mas fiz-lhe ver que não era alternativa a considerar. A decisão do governo português era irrevogável.
Reuniram-se então os cérebros da task force que estabelecia as práticas a seguir em casos sem precedentes e concluíram que o Secretário de Estado - ao tempo Dean Rusk - teria que pedir autorização ao Congresso para receber o pagamento português. E assim foi feito. Quando o pedido chegou ao Congresso atingiu implicitamente as mesas dos correspondentes dos meios de comunicação e fez manchete nos principais jornais. "Portugal, o país mais pequeno da Europa, faz questão de pagar o empréstimo do Plano Marshall"; "Salazar não quer ficar a dever ao tio Sam" e outros títulos do mesmo teor anunciavam aos leitores americanos que na Europa havia um país, Portugal - que respeitava os seus compromissos.
Anos mais tarde conheci o Dr. Aureliano Felismino, Director-Geral perpétuo da Contabilidade Pública durante o salazarismo (e autor de umas famosas circulares conhecidas ao tempo por "Ordenações Felismínicas" as quais produziam mais efeito do que os decretos do governo). Aproveitei para lhe perguntar por que razão fizemos tanta questão de pagar o empréstimo que mais ninguém pagou. Respondeu-me empertigado: - "Um país pequeno só tem uma maneira de se fazer respeitar - é nada dever a quem quer que seja".
Lembrei-me desta gente e destas máximas quando há dias vi na televisão o nosso Presidente da República a ser enxovalhado pública e grosseiramente pelo seu congénere checo a propósito de dívidas acumuladas.
Eu ainda me lembro de tais coisas, mas a grande maioria dos Portugueses de hoje nem esse consolo tem.
Elizabete...... dá que pensar!!!